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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Temas de "Viver por viver", de Claude Lelouch

Momentos de um filme que exerce um encantamento particular no espectador, este Viver por viver (Vivre pour Vivre, 1967), de Claude Lelouch, cineasta francês incompreendido e que a crítica gosta de menosprezar, mas não se pode fechar os olhos diante de Un homme...une femme, Os miseráveis, Um homem como poucos (Le vouyou, este um dos melhores exemplos de seu imenso talento), O homem que eu amo (Un homme qui me plait), Dias de Lua Cheia (Il y a des jours e des lunes), entre tantos outros. Lelouch é um poeta. Creio que basta!




quarta-feira, 29 de outubro de 2008

"A mulher do tenente francês"

A mulher do tenente francês (The french lieutenant's woman, 1991) parece que foi para a vala comum do esquecimento. O que é um absurdo, pois um filme muito bom, uma obra que reflete, com especial engenho e arte, o processo da criação cinematográfica. Quem frequentou cinema na década de 60 deve estar lembrado de Karel Reiz, diretor inglês que fez parte do Free Cinema, a renovação do cinema britânico (uma espécie de Nouvelle Vague inglesa). Reiz revelou para o mundo o talento de Albert Finney em Tudo começou num sábado (Saturday night and sunday morning, 1960), um filme sobre a classe operária da Inglaterra, filmado in loco. Finney despontaria com estridência em Tom Jones, de Tony Richardson (outro renovador dos alicerces acadêmicos da escola inglesa ao lado de Reisz, John Schlesinger, Lindsay Anderson, entre outros). Em The french lieutenant's woman temos dois grandes intérpretes nesta obra de singularidade e talento: a extraordinária Meryl Streep e o fleugmático Jeromy Irons (maiores informações sobre o filme no meu blog: http://setarosblog.blogspot.com). Vejam o trailer:


sábado, 18 de outubro de 2008

"Rio Bravo"

Este blog, tão desatualizado, volta com um momento especial da arte do filme: Onde começa o inferno (Rio Bravo, 1959), de Howard Hawks, uma resposta deste excepcional realizador aos westerns psicológicos que então estavam a aparecer (Billy the Kid, com Paul Newman, de Arthur Penn, entre outros). É, na verdade, além de um filme de ação, uma observação sobre o comportamento humano. Com poucas cenas de ação, o filme se passa quase todo dentro de uma delegacia e no interior de um hotel. É o homem e suas artimanhas que interessa a Howard Hawks. A se reparar em sua rica filmografia, dividida entre a comédia louca e o western e os filmes de aventuras, nestes os personagens se encontram sempre à espera de algo acontecer. No caso de Rio Bravo, à espera do tiroteiro final para a resolução do conflito. No caso de Hatari!, à espera do momento de caçar. Entre outros exemplos. Hawks sabe, como poucos (e, entre eles, Billy Wilder, Alfred Hitchcock...) elaborar os finais de seus filmes com engenho e arte. Em Rio Bravo (filme que tornaria Dean Martin um ator respeitável após a dissolução da dupla que fazia com Jerry Lewis), o fecho é de uma graça extraordinária. Findo o conflito, John Wayne vai procurar Angie Dickinson no hotel e, quando a encontra, ela o derruba na cama ("a única derrota do cowboy invencível") e joga seu chapéu pela janela que vai cair em cima de Dean Martin e Walter Brennan, que, bêbados, comemoram o desenlace.


sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Como matar sua esposa, de Quine

E aqui temos um grande momento de Como matar sua esposa (How to murder your wife, 1965), de Richard Quine, o mesmo realizador do post anterior que mostra uma belíssima cena de O nono mandamento. O crítico e pesquisador Sérgio Andrade tem razão quando diz que "a câmera descendo pelo corpo da Kim no final da cena é genial!" Quine é um caviar para ser apreciado com cuidado e admiração. Há engenho e arte em suas comédias, e sabe, como poucos, explorar a beleza das mulheres, a exemplo de Kim Novak e , aqui, em How to murder your wife, a graça e o encanto de Virna Lisi a sair, divina, de um bolo gigante para a estupefação de um Jack Lemmon embriagado. Tenho muito de minha formação cinematográfica, devo confessar, neste período do cinema americano no qual havia um refinamento e uma sofisticação indiscutíveis (Charada, de Stanley Donen, Bonequinha de luxo, de Blake Edwards, entre tantas e tantas outras que daria para ficar citando pelo blog adentro). Infelizmente, o caldo cultural contemporâneo está distante de toda essa finesse. Pena!


quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O nono mandamento, de Richard Quine

Uma pequena obra-prima O nono mandamento (Strangers when we meet, 1960), do grande Richard Quine (há comédia mais genial do que Como matar sua esposa, com Jack Lemmon, Terry Thomas e Virna Lise? E o que dizer de Aconteceu num apartamento ou Quando Paris alucina, com William Holden e Audrey Hepburn, entre tantas outras?). Kirk Douglas, neste melodrama de alta densidade de sofisticação, é um arquiteto casado que se apaixona por sua vizinha, a esfuziante Kim Novak, também casada como ele. O tema, hoje, batido, mas na época o adultério ainda fazia certo furor. Mas o que importa mesmo em O nono mandamento é a beleza de sua mise-en-scène, o talento de Quine como regista, os atores magníficos. Além do Spartacus, e da Madeleine, Barbara Rush e Walter Matthau. Filme esquecido que não se encontra em DVD nem passa em canal por assinatura. Será que a Confraria dos Baixistas consegue tirá-lo via download?


quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Modesty Blaise, de Losey

Modesty Blaise (1967), de Joseph Losey, condensa a cultura pop dos esfuziantes anos 60 com a paródia dos filmes à la James Bond, com a maravilhosa Monica Vitti dos filmes de Michelangelo Antonioni, uma mulher que encantou o século passado aqui num trecho do filme ao lado de Terence Stamp, o anjo pasoliniano de Teorema. Sob a direção de um talento que atende pelo nome de Joseph Losey (o seu O criado/The servant é uma obra de mestre).


terça-feira, 17 de junho de 2008

Dio come ti amo

A crítica, na época, abominou, mas o público adorou. Estou a me referir a Dio come ti amo (1966), de Miguel Iglesias, melodrama bem água-com-açucar (como se dizia antigamente), que se constituiu num fenômeno de bilheteria. Basta dizer que ficou mais de 24 semanas (mais de dois anos, portanto) em cartaz num único cinema em Salvador, o Nazaré, com sessões lotadíssimas todos os dias. Aos sábados e domingos, com sessões às 14, 16, 18, 20 e 22 horas, era preciso que se chegasse duas horas antes para se poder comprar o ingresso. Com Gigliola Cinquetti (que canta a canção-tema, principalmente no final apoteótico, quando seu amado (Mark Damon), já dentro do avião, prestes a decolar, ouve, pelo alto-falante, Gigliola no aeroporto a cantar. O público veio abaixo. Trata-se de uma co-produção entre a Itália e a Espanha, com um ranço anedótico e melodramático mais deste último. Lembro-me que vi, dentro da sala exibidora, muito intelectual enragé que procurava se esconder quando via algum conhecido com vergonha de ali estar. Há um outro filme que fez sucesso parecido, mas de outra qualidade, de outro nível: O candelabro italiano (Rome adventures, 1963), com Rossano Brazzi, Troy Donahue, Suzanne Pleshette. Não é indicado para post de um blog Momentos da arte do filme, mas blog é para estas coisas.


domingo, 15 de junho de 2008

Aquele que sabe viver

Dino Risi introduz a tragédia na comédia e, em Aquele que sabe viver (Il sorpasso, 1962), o que retrata é uma Itália já refeita do drama da guerra num cinema pós-neo-realista. Neste momento em particular, registrado aqui em imagens, há, no diálogo entre Vittorio Gassman e Jean-Louis Trintgnant, uma referência à monotonia dos filmes de um colega de Risi e muito querido: Michelangelo Antonioni. Il sorpasso virou um cult e é imensamente prestigiado pela crítica mundial - e saiu em DVD em cópia reluzente, luminosa, restaurada, com um extra imperdível: uma longa entrevista com o mestre Risi, que fala do filme, da Itália, do cinema, além de umas palavras de um Vittorio Gassman, também nos extras, já no fim de sua trajetória, mas ainda um ultrapassador, um homem do seu tempo, um artista imenso.







sábado, 14 de junho de 2008

Monica sob o olhar de Dino Risi e na motocicleta

Monica Vitti, bela, belíssima, a musa da incomunicabilidade, a musa de Michelangelo Antonioni, aqui na motocicleta em um momento de Nós as mulheres somos assim ('Noi donne siamo fatte cosi' 1972 ), de Dino Risi, comediógrafo italiano que morreu semana passada. Para o vosso deleite!


quarta-feira, 14 de maio de 2008

"Les demoiselles de Rochefort", de Jacques Demy

Original em sua concepção cinematográfica e, principalmente, em relação ao filmusical, Jacques Demy é um realizador atípico do cinema francês. Consagrou-se com a Palma de Ouro em Cannes por causa de Os guarda-chuvas do amor (Les parapluies de Cherbourg, 1964), um filme todo cantado que surpreendeu pela originalidade, pelo encanto, pela poesia. Com uma Catherine Deneuve ainda bem jovem, Demy soube lhe aproveitar o ar ingênuo e fazê-la atriz, deixando-a pronta para ser a Belle de Jour, de Luis Buñuel, três anos mais tarde. Mas também nesta época, quando o bruxo espanhol fazia, com ela, A bela da tarde, Demy a chamou para um impressionante ensaio sobre a beleza, que é Duas garotas românticas (Les demoiselles de Rochefort, 1967), outra pérola de inventividade, poesia, beleza. Deneuve trabalha, aqui, ao lado de sua irmã, Françoise Dorleac (que está simplesmente divina em Um só pecado/Le peau douce, 1964, de François Truffaut), que viria a morrer logo depois das filmagens em acidente aéreo. Vale ressaltar a presenta em Les demoiselles de Rochefort de Gene Kelly, que se ofereceu a Demy para participar depois de ter visto o maravilhoso Les parapluies de Cherbourg.






quinta-feira, 8 de maio de 2008

"Picnic", de Joshua Logan

Quem viveu os anos 50 está marcado, definitivamente, pelas belas imagens de Férias de amor (Picnic), de Joshua Logan (que logo faria Nunca fui santa/Bus stop, um dos melhores trabalhos de Marilyn Monroe, Sayonara, sensível melodrama com Marlon Brando, etc). Com roteiro de Daniel Taradash, baseado numa pela de William Inge, Picnic cativou quase todos os cinéfilos que tinham a capacidade de se emocionar (alguns, nem isto têm). William Holden é o forasteiro que chega (o estrépito da porta do trem que se fecha é um achado para fazer a apresentação dos créditos) a uma cidadezinha interiorana dos Estados Unidos bem conservadora, bem pacata exteriormente. Surge como o elemento deflagrador que desperta as fantasias e os desejos recônditos de seus habitantes a partir mesmo de sua estrutura física e, de forma absoluta, quando vem a contrariar os planos estabelecidos. Apaixona-se por Kim Novak, que está noiva do filho (Clift Robertson) do milionário da região. A ação dessa obra, de alta intensidade de beleza, transcorre durante o dia do trabalho, e as paixões explodem durante a realização de um piquenique ao entardecer. Retrato do american way of life sem perder, contudo, o romantismo, a fascinação pela mise-en-scène, ainda que a agudeza dos diálogos, a aspereza dos conflitos. O elenco é afinadíssimo: além dos citados, Betty Field (a mãe de Kim Novak), Susan Strasberg (sua irmã), Arthur O'Connell, Rosalind Russell (a professora solteirona que tem uma crise ao lado de O'Connell de alta tensão dramática). Mas o trecho escolhido é um dos momentos sublimes de Picnic, quando Holden, ao anoitecer, tira Kim Novak para dançar. Não estarei sendo exagerado ao dizer que é um dos momentos mais belos do cinema. A fotografia é de um artista: James Wong Howe.





quarta-feira, 7 de maio de 2008

O segundo "Operação França"

Quando se pensava numa mera continuação, Operação França II surpreende pela desenvoltura do já calejado John Frankenheimer e, por estabelecer, em plena geografia da ação de um thirller, acentos de natureza existencial. Momentos fortes se revezam com momentos fracos, e Frankenheimer, um diretor de reconhecida capacidade artesanal complementa o que William Friedkin apenas começou em seu já eletrizante Operação França, que abalou o alvorecer dos anos 70 com aquela corrida rítimica, a câmera em permanente tensão nas ruas de Nova York. Neste segundo opus, a ação se localiza em Marselha, França, onde Hackman (Popeye) vai para ver se agarra Fernando Rey, que lhe escapou no primeiro filme. Faço um comentário mais extenso hoje no meu blog (http://setarosblog.blogspot.com).


domingo, 4 de maio de 2008

"Fiorile": beleza e emoção puras

O que dizer de Fiorile, dos fratelli Taviani? Sinceramente acho um filme tão belo que as palavras se escondem. Obra de grande impacto estético, emocional. A beleza em estado puro da mise-en-scène dos Taviani, realizadores personalíssimos. Fiorile tomou no Brasil o título de Aconteceu na primavera. Creio melhor deixá-los com as imagens do filme, ainda que poucas, do que prolongar este comentário cansativo.


quinta-feira, 1 de maio de 2008

"Da terra nascem os homens", de Wyler

O adolescente que fui, ao ver Da terra nascem os homens (The big country), ficou assombrado com a sua dinâmica e com a beleza de seu cinemascope, a trama envolvente, os intérpretes perfeitos. O cinema, na sua cabeça jovem, passou a ser sinônimo de filmes como The big country. Tragédia familiar cuja ação se localiza no velho Texas, Da terra nascem os homens, dirigido por William Wyler, o grande jansenista da tela, tem como elemento deflagrador um rico bostoniano pacífico (Gregory Peck) que ao chegar ao Texas vem a provocar uma crise. No elenco, além de Peck, Charlton Heston, Jean Simmons, Carroll Baker, Burl Ives. Obra magistral!


Maurice Jarre faz homenagem a David Lean

Passagem para a Índia foi o opus derradeiro de David Lean, um grande narrador clássico do cinema. Maurice Jarre faz, aqui, neste post, uma homenagem a Lean com sua orquestra monumental. Realizador inglês, Lean se especializou em produções caríssimas e longas, a partir de A ponte do rio Kwai. Depois vieram Lawrence da Arábia, Dr. Jivago, A filha de Ryan (belíssimo com a partitura de Jarre enquanto Sarah Miles tenta captar a sua sombrinha que se vai com o vento sob o olhar angustiado de Robert Mitchum). Antes, porém, nos anos 40, já se destacara como diretor de Desencanto (Brief encounter), filme intimista e inventivo (a mulher tagarela no metrô), Oliver Twist, entre outros. E Summertime, um belo filme com Katherine Hepburn como uma americana que vai a Veneza pela primeira vez e, sozinha, acaba por se apaixonar por Rossano Brazzi. Assim como chamei a atenção para a partitura de John Barry em Out of Africa, ainda que não tenha Jarre como um dos meus compositores preferidos, acho que ele acertou em cheio nesta sinfonia que é Passagem para a Índia.


quarta-feira, 30 de abril de 2008

"Entre dois amores", de Sydney Pollack

A partitura de Entre dois amores (Out of Africa, 1985), de John Barry, neste filme dirigido por Sydney Pollack, é destinada ao êxtase. Com Robert Redford, Meryl Streep, Klaus Maria Brandauer (de Mephisto), Out of Africa foi filmado in loco e tem uma paisagem deslumbrante. Casada por conveniência (Streep) com aristocrata desinteressado (Brandauer), e apaixonada por aventureiro galante (Redford), escritora recorda a juventude passada em fazenda africana. Pollack dirige com a sua habitual competência, embora diretor nunca medíocre mas de carreira irregular. Neste filme acerta em cheio, mas muito do seu fascínio se deve à música de John Barry.




terça-feira, 29 de abril de 2008

"Sem lei e sem alma", de John Sturges

Em Salvador, havia um cinema, o Pax, considerado poeira, que passava programa duplo e fazia a alegria da garotada. Os filmes, quando eram exibidos nesta sala, tinham sua classificação etária diminuída (e não se sabe bem o motivo). Se era probido, no circuito de primeira, para menores de 18 anos, no Pax passava proibido para 14. E, além de um preço módico (atualmente existe uma cruel exclusão do povo com os ingressos astronômicos dos complexos Multiplex e o fechamento dos cinemas de rua; a rigor, os menos aquinhoados pela sorte não vão mais ao cinema, o que vai se refletir no futuro). Numa dessas sessões foi que vi, no glorioso ano de 1960, quando a vida, para mim, era ainda um devir, uma estrada de sonhos e perspectivas (hoje resta-me a constatação de sua finitude e a angústia de estar-no-mundo), Sem lei e sem alma (Gunfight at the O.K. Corral , 1957), de John Sturges, com Kirk Douglas, Burt Lancaster, Rhonda Fleming, Jo Van Fleet, John Ireland, Dennis Hopper, De Forest Kelley, um western primoroso, um espetáculo emocionante, que me deixou adolescente extasiado. A partir mesmo da apresentação, com a voz de Franklin Lane, e a partitura (para ficar sempre no ouvido) de Dimitri Tiomkin. Sobre ser uma versão de uma obra-prima, Paixão dos fortes (My darling Clementine, 1946), do mestre John Ford, com Henry Fonda (inesquecível na cena em que está no barbeiro a se preparar para ver a amada), Victor Mature, Gunfight at the O.K. Corral tinha um marco diferencial que o fazia um outro filme, menos poético que a obra fordiana, mas um espetáculo magistral que revelava em Sturges um realizador de uma carpintaria fenomenal para o despertar da emoção, para a emergência do assombro pelo sábio toque das convenções clássicas do artesanato westerniano. Burt Lancaster (ator soberano, fazia o papel de Wyatt Earp) e Kirk Douglas (que poucos anos depois seria o Spartacus, Doc Holliday, o médico tuberculoso, exímio atirador de facas e jogador compulsivo) davam as cartas da emoção neste western de um cineasta que deveria ser mais lembrado, mais citado, mais visto, mais aplaudido, que é John Sturges (Conspiração do silêncio/Bad day at Black Rock, com Spency Tracy, Robert Ray, bela paráfrase do macarthismo, 1954, Punido pelo próprio sangue/Backlash, com Donna Reed e Richard Widmark, que morreu recentemente e, por isso, ponho aqui uma lágrima, Duelo na cidade fantasma/The law and Jack Wade, com o velho Widmark e Robert Taylor, Duelo de Titãs/Last train from Gun Hill, com Douglas e Anthony Quinn, 7 homens e um destino/The Magnificent seven, e, querem mais? - o bravo Sturges tem muito mais - Fugindo do inferno, mas a colocação aqui de seus triunfos explodiria o post, que se quer de tamanho drops Dulcora).
O fato é que Sem lei e sem alma é um filme que faz parte de minha relação afetiva, quase uma madeleine proustiana.


domingo, 27 de abril de 2008

"Absolutamente certo", de Anselmo Duarte

Em pleno reinado da chanchada, um filme especial: Absolutamente certo (1958), comédia de costumes que marca a estréia do galã Anselmo Duarte na direção cinematográfica. Duarte mostra uma desenvoltura surpreendente no estabelecimento das situações, a contar sua simples história com arte e engenho. Um homem dotado de memória prodigiosa entra num concurso de tv para provar que sabe de cor todo o catálogo telefônico de São Paulo. Noivo de uma bela garota sua vizinha, cuja mãe é a histriônica Dercy Gonçalves, ele, de repente, fica famoso, mas pessoas mal intencionadas pretendem que ele erre para ganhar apostas milionárias. Além de Anselmo Duarte, Aurélio Teixeira, Odete Lara (a maior atriz do cinema brasileiro), Dercy, e a belíssima Maria Dilnah, que largou o cinema para se casar e ter criar filhos. Pena! . Absolutamente certo é uma crônica de costumes, um olhar gracioso sobre a vida pacada numa São Paulo que, vista hoje, tem um ar provinciano.
Duarte, para quem não sabe, quatro anos depois, em seu segundo longa, ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1962 por causa de O pagador de promessas. Que é, até hoje, o único brasileiro que ganhou a Palma de melhor filme.


sábado, 26 de abril de 2008

"Carrinho de Pau", de Son Araújo

Com o advento do digital, a realização de produtos audiovisuais se tornou fácil, democrática. Quando da época das películas em celulóide, a feitura de um filme exigia muitos recursos e tudo era muito caro. A partir mesmo da exigência de se ter, na equipe, profissionais, a exemplo da captação das imagens e da iluminação que não podia ser feita por qualquer amador. Atualmente, basta se ter uma câmera para se fazer um filme. Se existe facilidade na expressão, por outro lado é preciso que haja inteligência e sensibilidade. Caso contrário, os chamados produtos audiovisuais vão para o seu destino certo: a lixeira do esquecimento. Comparo a realização desses produtos audiovisuais (detesto o nome, prefiro chamá-los de filmes, simplesmente) às poesias e versalhadas de antigamente. Todos queriam ser poetas e ver seus escritos publicados em jornais, revistas e, se possível, editados em livros. Fazia-se poesias a torto e a direito. Para a namorada, para entes queridos ou para expressar a melancolia ou a alegria de viver.
Pretendo, na medida do possível, postar, aqui, alguns filmes do cinema que se quer baiano, principalmente as experimentações menos profissionais e mais experimentais. Há, no cinema baiano, os profissionais que fazem longa com vistas ao mercado exibidor (Edgar Navarro, Pola Ribeiro, José Umberto, Tuna Espinheira, Araripe, entre tantos!!) e aqueles que experimentam o registro das imagens em movimento pela via digital. Duda Falcão, produtor de filmes, é um ativo participante de um cinema quase 'a latere', mas que já produziu pelo menos um longa por esta via (cujo nome me esqueço agora). Ele me mandou um curta, Carrinho de Pau, de Son Araújo, que deixo aqui para que vocês possam ver e opiniar (se for o caso). Talvez esteja a surgir um novo José Mojica Marins (no que se refere à independência na produção).


sexta-feira, 25 de abril de 2008

O quinteto da morte

O post anterior mostra o grande Peter Sellers no seu tríptico papel em Dr. Strangelove, de Stanley Kubrick, um comediante raro, um gênio, poder-se-ia dizer, pela sua capacidade de fazer o humor patético pela contenção da expressão (como na série de A pantera cor-de-rosa), que, de repente, faz explodir o gag e, com isso, determinando ao espectador o riso incontrolável (neste particular, Um convidado bem trapalhão/The party, 1968, de Blake Edwards, é comédia antológica, já registrada nos anais da comediografia cinematográfica de todos os tempos.). Mas Sellers tem seu começo no humor negro do cinema inglês, que se pronuncia (ainda sem Sellers) com uma obra-prima, que é, indiscutivelmente, As oito vítimas (Kind hearts and coronets, 1949), com Sir Alec Guinness magistral, versátil in extremis. O quinteto da morte (The ladykillers, 1955), de Alexxander Mackendrick, tem Guinness e Sellers juntos, e é uma súmula do humor britânico. Uma velha senhora hospeda em sua casa um sinistro inquilino (Guinness, evidentemente), assim como seus quatro amigos (entre eles, Sellers, ainda um tanto gordo sem a compleição da década seguinte, mas já extraordinário), que são, na verdade, assaltantes de bancos. O resultado é uma deliciosa mistura de suspense e humor sarcástico. Aqui vai uma palhinha deste filme clássico, que foi sugerido por um amigo cinéfilo e ex-deputado, o Dr. Jaoli Pinheiro (que largou a política, vejam como são as coisas, para fazer humor em cartoon). Os talentosos irmãos Coen quebraram a cara na versão contemporânea de The ladykillers, que foi intitulado no Brasil Matadores de velhinhas, com Tom Hanks.


quinta-feira, 24 de abril de 2008

"Dr. Fantástico", de Stanley Kubrick

Stanley Kubrick, antes de Dr. Fantástico (Dr. Strangelove, 1963), se não era considerado o gênio que se tornou, estava estabelecido como um cineasta muito apreciado, principalmente por O grande golpe (The killings), quando desacerta a temporalidade da geometria da ação para mostrar vários pontos de vista sobre uma mesma situação dramática (o que, de certa forma, Orson Welles já fizera em Cidadão Kane), Glória feita de sangue (Paths of glory), e, por que não? Spartacus (apesar de empregado de Kirk Douglas, Kubrick soube desenvolver seqüências assombrosamente impactuais). Mas Dr. Strangelove surgiu pouco tempo depois da crise da Baía dos Porcos, numa época de extremada guerra fria. E sua sátira é corrosiva, a estabelecer, em certas situações, um abosoluto non sense. Peter Sellers, que já tinha aparecido em Lolita (esqueci deste, que antece a Dr. Strangelove), está inexcedível, aqui, em três papéis: o presidente dos Estados Unidos, o recruta Mandrake, e o personagem que dá título ao filme, o Doutor Strangelove. Ver este é uma obrigação para qualquer cinéfilo que queira se inteirar melhor sobre a rica filmografia de Stanley Kubrick. É divertido, inteligente, e, ainda, de quebra, temos um George C. Scott em estado de inspiração divina.


quarta-feira, 23 de abril de 2008

7 homens e um destino

No alvorecer dos anos sessenta, um western aventureiro encantou a todos os cinéfilos (e, naquela época, todos os cinéfilos que se prezassem admiravam o gênero americano por excelência, segundo a definição de André Bazin. E este western, dirigido pelo competente John Sturges (Duelo de titãs, Sem lei e sem alma...) era Sete homens e um destino (The magnificent seven). Quem o viu em cinemascope, e naquele cinemascope especial do cinema Guarany em Salvador, nunca mais o tirou da memória.Adaptação do clássico Os sete samurais, de Akira Kurosawa (outra versão para o western de um Kurosawa, Yojimbo, foi feita por Martin Ritt em Quatro destinos, com Paul Newman, filme pouco visto e ainda mais pouco citado ou lembrado), Sete homens e um destino se constituiu num sucesso e foi, por anos, sendo reprisado nos cinemas. Um assassino (Eli Wallach) e seu bando perturbam e roubam uma aldeia de pobres camponeses mexicanos. Um grupo deles, orientado pelo guia da comunidade, resolve procurar pistoleiros hábeis que os defendam. Yul Brynner é contratado e fica a cargo de procurar os outros. A busca de Brynner para encontrar os demais homens já é, por si, um espetáculo à parte. O primeiro que aceita é Steve McQueen, e, na sua peregrinação, vai escolhendo os mais qualificados: Charles Bronson, ainda desconhecido do grande público, James Coburn, um atirador de facas, Robert Vaughn, pistoleiro almofadinha e cheio de traumas, Brad Dexter, Horst Buchholz (Chico), ator alemão que com este filme despontou para o estrelato, um rapaz que luta para entrar no grupo ainda que sem a experiêncioa dos demais. Sturges dirige o filme com um dinamismo surpreendente, a suscitar, em cada momento, emoção e doses de ironia - aquela ironia próprias dos homens dos westerns. Fotografado por Walter Lang, tem uma partitura que ficou nos ouvidos cinéfilos para sempre de autoria de Elmer Bernstein. Tem em DVD e deve ser procurado, pois uma beleza como espetáculo cinematográfico.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Don Quijote de Orson Welles

Sim, o título do filme é esse mesmo, a contemplar o nome do seu autor, Orson Welles. Por indicação do cineasta José Umberto, realizador baiano (seu segundo longa, Revoada, encontra-se sub judice), que me mandou o texto de Giorgio Agamben, que publico logo abaixo, retirei do You Tube estes preciosos cinco minutos de Don Quijote de Orson Welles, obra que nunca vi, mas que é considerada simplesmente genial por todos aqueles que tiveram a rara oportunidade de contemplá-la. O escrito de Agamben tem o título de Os seis minutos mais belos da história do cinema. A finalização da montagem se deu, segundo o Imdb, banco de dados completo sobre as coisas de cinema, em 1992, sete anos após o falecimento do grande artista. O que significa dizer: montagem à revelia do autor, mas segundo as suas indicações, respeitando todas as marcações anotadas pelo autor de Cidadão Kane. Como ontem foi aniverário de João Carlos Olivieri, o popular Jonga, cujo blog Pensatas se encontra entre os meus poucos favoritos (http://jongas.blogspot.com), publicitário carioca de mão cheia, por vias travessas, porque a idéia partiu de Zé Umberto, faço, aqui, deste post, um mimo natalício ao aniversariante de ontem. E vamos ao que disse Agamben sobre este monumento da arte do filme:
"Sancho Pança entra num cinema de uma cidade de província. Está procurando Dom Quixote e o encontra sentado de parte e fitando a tela. A sala está quase cheia, a galeria - que é uma espécie de poleiro - está inteiramente ocupada por meninos barulhentos. Após algumas inúteis tentativas de alcançar Dom Quixote, Sancho senta-se de má-vontade na platéia, ao lado de uma menina (Dulcinéia?), que lhe oferece um pirulito. A projeção começou, é um filme de época, na tela correm cavaleiros armados, de repente aparece uma dama em perigo. Imediatamente, Dom Quixote se ergue em pé, desembainha a sua espada, se precipita contra a tela e os seus golpes começam a lacerar o tecido. Na tela mostram-se ainda a dama e os cavaleiros, mas o rasgão negro aberto pela espada de Dom Quixote se alarga sempre mais, devora implacavelmente as imagens. Ao fim, da tela não resta quase mais nada, vê-se somente a estrutura de madeira que a sustentava. O público indignado abandona a sala, mas no poleiro os meninos não cessam de encorajar fanaticamente Dom Quixote. Só a menina na platéia o fita com reprovação.

"O que devemos fazer com as nossas imaginações? Amá-las, crer nelas a ponto de ter de destruí-las, falsificá-las (este é, talvez, o sentido do cinema de Orson Welles). Mas quando, ao fim, elas se revelam vazias, inatendidas, quando mostram o nada de que são feitas, somente então pagar o preço da sua verdade, entender que Dulcinéia - que salvamos - não pode nos amar."
Este blog, vale dizer, é muito sentimental mesmo.


"Rastros de ódio", de John Ford

Para se ver uma obra-prima como Rastros de ódio (The seachers, 1956), de John Ford, principalmente o seu final, belíssimo, recomenda-se, por respeito a um monumento do cinema, comprar um genuflexório ( estrado para ajoelhar e orar, com apoio para os braços). Poucas vezes, na história do filme, a poesia se faz tão abrangente num momento cinematográfico. O Tio Ethan, liberta a sobrinha interpretada por Natalie Wood - e, diga-se de passagem, em outra cena antológica e memorável, aquela do "Let's home, Debbie!", vem entregá-la. Os familiares alegres, a câmara a os acompanhar, entram em casa, e, de dentro desta, numa meio penumba, avista John Wayne, solitário, que, da porta, dá meia volta e caminha sem destino. Cumprida a sina, a de recuperar dos índios a sobrinha raptada (mesmo que fosse preciso matá-la), este sulista desesperado, finda a guerra, finda a perseguição à parenta (um motivo para viver), não tem mais razão de existir e vaga sem destino, como no plano final de The seachers. A necessidade do genuflexório é uma conditio sina qua non para a visão deste filme com o respeito requerido. O que é que tem se assistir ajoelhado a um filme ao qual se tem o maior respeito? Os cristãos não se ajoelham para reverenciar o seu Deus? No meu caso em particular, peço ajuda às palavras do mestre Luis Buñuel: Sou ateu, graças a Deus!


domingo, 20 de abril de 2008

"Viver por Viver", de Claude Lelouch

Visto com muita reserva pela crítica, o fato é que Claude Lelouch tem uma mise-en-scène muito própria, envolvente, que me delicia. Tem, em sua filmografia, filmes extraordinários, bem urdidos, bem feitos, inteligentes, como Um homem como poucos (Le voyou, 1973), que a própria crítica ranheta se dobrou e aplaudiu (quem se lembra de Le voyou?), A vida, o amor e a morte (1969), sobre a pena capital, com Amidou, sem falar de Um homem...uma mulher (Un homme et une femme, 1966). Logo depois deste, em 1967, realizou uma obra fascinante, que, lançada na época, nunca mais reapareceu. Trata-se de Viver por viver (Vivre por vivre), com Yves Montand, a bela e cativante Candice Bergen no auge de sua beleza, e Annie Girardot, uma das mais expressivas atrizes do cinema francês (quem pode, de sã consciência, esquecer-se dela em Rocco e seus irmãos/Rocco i suoi fratelli, 1960, de Luchino Visconti? Lelouh tem uma mise-en-scène que, em alguns momentos, é pioneiro do cinema publicitário (no bom sentido), com a envolvência de suas tomadas embaladas pela partitura de Francis Lai. O que não quer dizer que seja, ao dar as coordenadas do cinema publicitário moderno, comercial, mas muito pelo contrário. É sua maneira de filmar e nos encantar. Há estesia na maioria de seus filmes. Claude Lelouch é um poeta das imagens. A prova disso está no convite feito a ele, ano passado, pelo organizador da mostra internacional de São Paulo, Leon Cakoff, para vir ao Brasil como seu convidado especial. Há um filme dele, Il y a des lunes et des jours (1990), não exibido comercialmente no Brasil, que considero uma pequena obra-prima. Chamam-no de maneirista, virtuoso, mas Lelouch transcende aos termos empregados, pois a sua virtuose se encontra bastante contextualizada com a poética de suas fábulas, a misturar, sempre, de maneira indissociável, o elo sintático com o elo semântico.




sábado, 19 de abril de 2008

Spartacus

É o tal negócio: Spartacus teve para mim um impacto muito forte porque o vi com 11 anos de idade. E ficou no meu imaginário durante toda a adolescência e a juventude. E por que não dizer? Ainda hoje o aprecio com intensidade, embora sem aquela fascinação do pretérito (tenho-o em DVD). Se um jovem, hoje, vê Spartacus, e além do mais, baixado da internet, não pode ter o mesmo impacto, a mesma fascinação. E o cinema evoluiu muito. Spartacus (menino, chamava de Espártaco), para a época, tem lances inovadores, a câmera no chão, os planos médios extremamente compostos, as angulações insólitas, o sentido do espetáculo, a seqüência extraordinária da batalha, que remete, logo, à batalha do gelo de Alexandre Nevsky, que, sem dúvida, Kubrick copiou de Eisenstein. Como este blog é mais afetivo do que crítico, e o bloguista fez por bem ter despedido o crítico para deixar a emoção do cinéfilo aflorar, o fato é que Spartacus ajudou na minha educação sentimental, além de, evidentemente, na minha formação como amante do cinema. Proibido para menores de 14 anos, quase que não entrei, sendo barrado duas vezes até que, na terceira tentativa, consegui ultrapassar a forte barreira da portaria - naquele tempo um filme proibido tinha comissário de menores na porta e o cinema era multado se deixasse entrar alguém com idade inferior a estabelecida pela censura. A minha entrada em Spartacus foi uma glória. Também, posso dizer, que, naquele momento, o cinema entrava, definitivamente, para minha vida.


As Diabólicas

Em meados dos anos 50, um filme francês dirigido por Henri-Georges Clouzot, As diabólicas (Les diaboliques, 1955) causou um verdadeiro frenesi no público, chegando mesmo a se tornar um cult instantâneo. Muita gente, fascinada com o domínio do realizador em provocar fortes emoções, tinham-no como referência. Clouzot, célebre diretor (O salário do medo), ainda que à antiga (segundo os postulados da Nouvelle Vague) sabia construir os seus mistérios e dar ao público doses gratificantes de surpresas. Com o tempo, Les diaboliques foi sendo esquecido, empurrado para trás pelas novas ondas e pelas novas vagas. Mas quem o viu, como este bloguista de plantão permanente, não o esquece. A amante e a esposa de um diretor de escola tipicamente francesa o matam por vingança. Mas o cadáver desaparece e outros fatos estranhos acontecem. Com Vera Amado Clouzot (brasileira, filha do escritor e diplomata Gilberto Amado, que Clouzot a conheceu aqui no Brasil e se casou com ela, tornando-a atriz), Simone Signoret, Michel Serrault (que trabalhou em A gaiola das loucas), e Paul Meurisse. Suspense que envolve o espectador do princípio ao fim numa época em que não se usava efeitos especiais: tudo é clima, atmosfera, um bater de porta, um gemido da personagem, um olhar dissimulado. A cena da banheira, quando o cadáver se levanta, é impressionante. Vera Amado, ainda jovem, morreu do coração. Será que foi de susto?




sexta-feira, 18 de abril de 2008

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Cupido não tem bandeira

Apesar de não ser um dos mais destacados filmes do mestre Billy Wilder, tenho Cupido não tem bandeira (One, two, three, 1961) em alta conta. James Cagney é um executivo da Coca-Cola em Berlim Ocidental. De repente, seu chefe lhe telefona para lhe avisar que sua filha (a exuberante Pamela Tiffin) vai passar uma temporada, com ele. Cagney vive a dar esporros em seu funcionário Schlemmer (Hanns Lothar). Mas o dia-a-dia de sua rotina no escritório vem a ser abalado com a chegada de Tiffin, que, logo logo, se apaixona por um rapaz, Horst Buchholz, que passeia de bicicleta do outro lado do Muro de Berlim, na Oriental, comunista. A situação se complica com o rapto da bela Tiffin pelo rapaz do lado inimigo. No final, resolvidas as coisas, Cagney é promovido e transferido, e se encontra no aeroporto com toda a família reunida. Ele convida a todos para tomar uma latinha de Coca-Cola (uma novidade na época), que, num plano fixo, médio, vai sendo retirada, uma a uma, e dada a cada um dos seus familiares. De repente, sai um Crush e ele grita: SCHLEMMER! E sua imagem é congelada. Sátira devastadora, com um Wilder inspiradíssimo e um elenco em uníssono, Cagney à frente, é claro. Dou aqui, de mãos beijadas, para os leitores deste vibrante e esdrúxulo blog, dialético, ético e atlético, o trailer deste diamante em preto e branco e cinemascope que se chama One, two, three (o título, penso, é a contagem das latas quando são retiradas da máquina). A ver obrigatoriamente.


terça-feira, 15 de abril de 2008

Claudia Cardinale faz 70 anos

Hoje vou ao aniversário de Claudinha, La Cardinale, que faz 70 anos. Ontem, de tarde, recebi o belo convite, que traduzo aqui: "Querido André! Quero vê-lo, sem falta, no meu aniversário, amanhã, terça. Anexo a passagem de ida e volta". Já estou na Itália, em Roma, no hotel, preparando-me para estar com Claudia a noite toda, a beber vinho da safra mais pontual e comer o salmão mais selvagem e delicado. Para comemorar, eis, aqui, a belíssima Cardinale num momento de Otto e mezzo, do regista Federico Fellini. Sorry periferia!


domingo, 13 de abril de 2008

"Cinema Velho", de Lucas Faroca

A homenagem feita por um neto a um avô tem aqui sólida expressão. É que Lucas Froes (mais conhecido na roda da malandragem como Lucas Faroca) registrou em vídeo a grande contribuição de seu avô, Renato Froes, que foi talvez o maior desenhista de anúncios publicitários dos filmes em jornais de Salvador. Antigamente, e não assim em priscas eras, os filmes entravam em cartaz às segundas e sábado, principalmente em A Tarde, o maior jornal soteropolitano, em páginas cheias e inteiras, todos os cinéfilos que se prezavam os consultavam para saber as estréias da semana vindoura. Cinema Velho é a documentação do trabalho de Renato Froes e uma oportunidade de se conhecer o grande desenhista, que aplicava muito de sua cinefilia para tentar criar e sugerir, através dos anúncios, o que se podia, nos filmes, ter como emoção e encantamento.




A lógica do sem-sentido

Sobre ser um autor, David Barouh aplica no seu itinerário como criador a praxis de um cinéfilo apaixonado pelo pretérito. A sua nostalgia é a nostalgia da busca de um tempo perdido. Não tem, como realizador, a mínima pretensão, o menor arroubo, a não ser, neste caso, o arroubo romântico que demonstra, por meio de seus recuerdos, a paixão pelo cinema. Os registros barouhianos são, portanto, registros in progress no sentido de que testemunham um passado para poder, o autor, suportar o presente. A sua expressão videográfica é, também, nesse particular, um processo terapêutico muito particular. Palmas para ele!

sábado, 12 de abril de 2008

"No caminho dos velhos cinemas", de David Barouh

No caminho dos velhos cinemas, de autoria de meu amigo David Barouh, cinéfilo de mão cheia, revela um itinerário de saudades e de paixão pelas salas exibidoras do pretérito em Salvador. Sem a pretensão de certos videomakers, que querem fazer da expressão videográfica um preenchimento ególatra, mas, e tão-somente, exercer o prazer de filmar e recordar, o vídeo que aqui se encontra revela o seu autor e suas lembranças reeditadas pelas imagens em movimento sem perder, nunca, um certo apreço pelo non sense, o amor pelos antigos anúncios publicados nos jornais, o recuerdo da Velha Bahia com suas ruas e seus becos.A visão de No caminho dos velhos cinemas submete o espectador a um encontro com o passado de uma cidade que hoje se encontra totalmente descaracterizada e violenta. No caminho dos velhos cinemas é rigorosamente proibido para não-cinéfilos e, também, para os pseudo-cinéfilos desta maldita contemporaneidade.


sexta-feira, 11 de abril de 2008

Dose dupla de John Cassavetes

John Cassavetes é um dos mais importantes realizadores do cinema americano. O nome mais festejado do Cinema Subterrâneo de Nova York, desde fins dos anos 50, quando um vento novo se espraiava pela cinematografia do mundo inteiro (Cinema Novo, Brasil, Free Cinema, Inglaterra, Nouvelle Vague, França...), Shadows (cujo trailer vai aqui) foi não apenas uma surpresa como uma revelação. Poder-se-ia dizer que John Cassavetes é o pai do cinema underground cujos tentáculos atingiram o cinema brasileiro na segunda metade da década de 60, ainda que as influências maiores do carro-chefe underground nacional tenham sido Orson Welles e Jean-Luc Godard em O bandido da luz vermelha (1968), de Rogério Sganzerla. Mas o exemplo de Cassavetes ficou no imaginário dos realizadores mais antenados. Realizou depois muitos outros filmes importantes, a exemplo de Faces, Os maridos, Assim falou o amor, entre muitos outros.
Lançado em 1959, Shadows aborda o racismo a partir de uma trama de amor sofrida. Lelia (Lelia Goldoni) é uma jovem mulata que após viver uma aventura com um rapaz branco, numa noite, tem de lidar com o fato de que o desprezo dele por ela é relativo à sua cor.
Certa ocasião, perguntado sobre a sua motivação de fazer filmes, disse: "Se eu puder, farei filmes com não-profissionais, com pessoas que se permitem sonhar com uma recompensa diferente do dinheiro, pessoas com um desejo frenético de participar de algo criativo sem saberem exatamente o quê. Fazer filmes é prazer em estado puro",
O cineasta baiano José Umberto, autor de Revoada, é um dos grandes admiradores de John Cassavetes.

O outro vídeo é de Faces (1968), outro ensaio de Cassavetes.



quinta-feira, 10 de abril de 2008

São Paulo S/A, de Luis Sérgio Person

Entre os cinco filmes mais importantes do cinema brasileiro, encontra-se São Paulo S/A, de Luís Sérgio Person, que, surgido em 1965, surpreendeu a todos pela maestria com que o realizador soube digerir a linguagem nova que estava a ser estabelecida (Resnais, Antonioni...). O Cinema Novo, que vinha mais empenhado na temática rural, recebe, estupefato, esta obra oriunda do circuito paulistano, que focaliza as dúvidas e incertezas de um homem (Walmor Chagas) perdido entre suas mulheres e seu trabalho num momento em que São Paulo se industrializava (a ação do filme transcorre em meados da década de 50). O que se pode ver em São Paulo S/A é um cinema maduro de um quase estreante, um cinema motivador pela maneira pela qual Person expõe as angústicas do personagem num procedimento cinematográfico envolvente. É muito mais a maneira de dizer do que o que é dito que importa neste filme admirável. Há momentos inesquecíveis e, entre eles, aquele no qual, dentro de um carro, todos cantam o Hino à Bandeira, sob um olhar de certa perplexidade de Walmor Chagas. Person teria morte prematura em desastre de carro ainda na segunda metade dos anos 70. Mas ainda nos deu uma obra de rigor como O caso dos Irmãos Neves (1967). O vídeo é da abertura de São Paulo S/A, que, por sinal, está disponível em DVD.



quarta-feira, 9 de abril de 2008

"La dolce vita"

O lançamento de A doce vida (La dolce vita, 1960), de Federico Fellini, foi um impacto no cenário internacional. O filme, um divisor de água na carreira do genial realizador, foi atacado pelos moralistas de plantão a ponto de Fellini, dois anos depois, realizar um curta, As tentações do Dr. Antônio (episódio de Boccaccio 70, que acompanha os de Visconti e DeSica - a versão em DVD tem um quarto, o de Monicelli, que fora cortado no lançamento), no qual satiriza os seus algozes na figura patética do personagem título, um moralista que se sente indignado com um cartaz publicitário da bela Anita Ekberg (que tem importante papel de La dolce vita), com seus seios fartos, num anúncio que diz: "Beba mais leite". O homem - interpretado por Peppino De Felippo - entra em pânico e em alucinação a se ver perseguido por Anitona, gigante, e ele, pequenino, a escorregar como um personagem de Swifft gulliveriano nos seios-trampolim da mulherona.
Na verdade, filme premonitório, La dolce vita é um conto moral sobre a decadência da civilização ocidental ainda em meados do seu decurso. A linguagem felliniana abandona os ritos sumários de sua estrutura narrativa anterior para fazer emergir, aqui, um filme-mosaico, um painel de seqüências sem uma progressão dramática definitiva.
Não vi La dolce vita quando de sua estréia, mas alguns anos depois. Na época, por menor de idade, não pude ter a visão dessa obra-prima. Lembro-me que comprei uma revista chamada Filmes Franceses na qual o filme era novelizado como as antigas fotonovelas. E lia, com a avidez peculiar à meninice de um quase cinéfilo, as notícias sobre o filme. Aluno de colégio de padres, ouvia, na prática da missa dominical, as homilias pregadas contra o filme. A igreja, naquela época, colocava, na porta de entrada, uma lista que continha os filmes condenados, prejudiciais, para adultos, para adultos com reservas, para todos. La dolce vita foi condenado.
Ainda hoje, quando vejo La dolce vita, sofro o impacto de sua beleza.




segunda-feira, 7 de abril de 2008

"Hatari!", de Howard Hawks (trailer)

Hatari!, de Howard Hawks, me persegue desde 1963, quando o vi pela primeira vez, adolescente, na inauguração do Bruni Flamengo. A partitura de Henri Mancini ficou no ouvido de todos, com uma música em versão brasileira ("a pata do elefantinho"). Hatari! é simplesmente uma maravilha, e, como disse François Truffaut, atendeu ao desejo de Hawks de caçar e de filmar. Rodado in loco, na África, é um filme hawksiano por excelência. Um grupo de caçadores de várias nacionalidades se encontra neste continente para caçar animais selvagens para os jardins zoológicos de seus países. Mas o fantástico em Hatari! é que Hawks pontua o filme com as esperas, sendo estas os momentos nos quais aproveita para observar o comportamento dos homens. Com John Wayne, Red Buttons, entre tantos, e a especial presença da italiana Elsa Martinelli, um mulherão, como se dizia antigamente. Considero Hatari! um caviar. Um dos grandes momentos do cinema.
Hawks, autor de filmes, tem um universo ficcional bem próprio repartido entre as suas comédias loucas e seus filmes aventureiros ou westerns. Em Onde começa o inferno (Rio Bravo, 1959), apesar de western, a chamada ação transcorre, na sua maior parte, dentro de uma delegacia. Em Hatari!, durante a espera das caçadas. Nestes momentos de calma é que emergem os personagens hawksianos. O final de Hatari! é extremamente demolidor. E este trailer, que se encontra aqui, no retângulo abaixo, é uma beleza de trailer.


domingo, 6 de abril de 2008

Peter Sellers ao som de Burt Bacharah

Três minutos de Peter Sellers em várias caracterizações. Imperdível.

"A vida privada de Sherlock Holmes" (by Miklos Rozsa)

Um compositor como Miklos Rozsa é um gênio, um talento excepcional, que, acredito, não haja mais, como se podia, outrora, encontrar. Assim como Ennio Morricone, um dos últimos dos moicanos. A sua partitura para A vida privada de Sherlock Holmes, de Billy Wilder, é o que se pode ouvir aqui.

O cinemascope como agente restritivo

Nos seus primeiros dez anos de existência, a lente anamórfica (o cinemascope) restringia o enquadramento a planos médios que situassem os personagens e um vasto cenário. É o que se pode observar nesta cena de Esta loura vale um milhão (Bells are ringing), de Vincente Minnelli, musical quase crepuscular realizado em 1960. Judy Holliday, atriz e comediante versátil e inteligente, que trabalha neste filme ao lado de Dean Martin, morreria anos depois de câncer. Daí porque seu nome não tenha se perpetuado. Mas o cinemascope, se usado de maneira revolucionária por George Cukor (Nasce uma estrela/A star is born, com Judy Garland e James Mason), em alguns filmes de Minnelli, pelo qual tenho imensa admiração, o cinemascope é um amuleto para a câmera ficar preguiçosa e evitar o corte no número musical. É o que acontece aqui, neste vídeo, no qual Judy Holliday, ainda que extraordinária, executa todo o numero em plano médio. Na tela grande do cinema, dá para vê-la bem, mas, na pequenez do DVD, ou do You Tube, é restritivo. Perde-se muito.


Julie Andrews em "My fair lady"

Quando Jack Warner comprou por um milhão de dolares os direitos de My fair lady para o cinema, ninguém podia imaginar que a escolhida para o papel de Elisa seria Audrey Hepburn já que Julie Andrews e Rex Harrison trabalharam nos palcos da Broadway por quase dez anos. Warner disse que Andrews não era conhecida do público na época e, por isso, preferiu investir numa atriz já famosa. Mas Julie Andrews alcançou a glória internacional logo depois com Mary Poppins e A noviça rebelde. O que vai aqui registrado é de um momento de My fair lady com Julie Andrews - o que significa dizer: documento raríssimo.


Homenagem a Charlton Heston

Muito se fala na escadaria de Odessa de Eisenstein. Mas, sem tirar o mérito deste, vale dizer que a seqüência dos carros puxados a cavalo em Ben Hur tem uma montagem genial, é grandiosa, assim como o filme, empolgante, magnífico. A crítica gosta de fazer vista grossa a um espetáculo como Ben Hur. Mas todos se emocionam, na verdade, quando o vêem. Grandioso. E, aqui, o trailer em homenagem a Charlton Heston, que se foi desta para melhor, ontem, sábado.


"Era uma vez na América", de Sergio Leone

Entre os grandes filmes dos anos 80, quando não mais me empolgava com o cinema, um em particular me deixou extasiado: Era uma vez na América (C'era una volta in America, 1984), de Sergio Leone, com partitura envolvente do maestro Ennio Morricone, cujas quatros horas cheias me fizeram julgar que o filme tinha, apenas, duas, tal a constituição brilhante de sua mise-en-scène. Último filme desse extraordinário regista que foi Sergio Leone, Era uma vez na América é, sem tirar nem por, uma autêntica obra-prima.


Victor e Victoria, de Blake Edwards

Victor e Victoria, de Blake Edwards, em 1982, há 26 anos, foi, talvez, a última grande comédia musical do cinema americano, com Julie Andrews, James Gardner e um esfuziante Robert Preston. Comediógrafo de primeira linha, Edwards se notabilizou com a série da Pantera cor-de-rosa, mas tem comédias inesquecíveis e antológicas, a exemplo de Um convidado bem trapalhão (The party, 1969), com Peter Sellers, Bonequinha de luxo (Breakfast at Tiffany's, 1962), com Audrey Hepburn e George Peppard, A corrida do século (The great race, 1965), entre muitas outras. Mas também sabe ser denso, intenso: Vício maldito (Days of wine and rose, 1962), sobre o alcoolismo, com Jack Lemmon, Lee Remick, e com experiências no suspense, como Escravas do medo (Experiment of terror), com Glenn Ford, e novamente, Lee Remick. Victor e Victoria encantou aqueles que já pensavam no fim do cinema americano. Mas Edwards (sua entrada para receber o Oscar de cadeira de rodas automática é triunfante) em Victor e Victoria ressuscita a comédia romântica e musical em toda a extensão de seu encanto. Mas que não se perca mais tempo.

"Persona", de Bergman (trailer)

Quem viu Persona, de Ingmar Bergman, em meados dos anos 60, sofreu um impacto. Um impacto estético, por assim dizer. O realizador sueco, que faz reflexão sobre a existência tendo como veículo o filme, investiga, aqui, o processo de identificação entre duas mulheres (que não pecam como quer o título brasileiro). Uma análise perfuratriz do universo feminino com duas atrizes excepcionais: Liv Ullman, então esposa do diretor, e Bibi Andersson, que já a tinha sido, pois, como se sabe, Bergman não deixava as belas suecas que trabalhavam em seus filmes sem apor, nelas, a sua marca de paixão.


Intriga internacional

A seqüência da perseguição em campo aberto de Intriga internacional (North by northwest, 1959) é antológica. Cary Grant, a esperar um contato, vê-se, de repente, numa estrada a ser perseguido por um teco-teco, e, para escapar, entra num trigal, com o objeto voador a borifar desinfetante tóxico. O primor de sua construção atesta a maestria de Hitchcock. Intriga internacional se encontra entre os meus favoritos do mestre inglês. É um filme de itinerário, de percurso, onde um homem de vida medíocre tem que passar por uma grande aventura para poder, finalmente, encontrar a vida verdadeira e o amor de Eve-Maria Saint. Obra-prima, sem dúvida, se é que um realizador possa ter mais de uma obra-prima. No caso de Hitchcock, creio que ele ultrapassa o próprio conceito de masterpiece. Ou, se quiser ser um pouquinho mais pedante, de chef d'ouvre.


Hitchcock por Martin Scorsese

Um ensaio hitchcockiano realizado por Martin Scorsese. Um comercial de vinho no qual o realizador de Taxi Driver demonstra o seu sentido do que é a linguagem de Hitchcock. O resultado, primoroso, vale a visão, e tem mais de 9 minutos de exposição linguística da expressão cinematográfica. Hitchcock em sua quintessência visto através de uma propaganda muito bem bolada. A ver, portanto, obrigatoriamente.


sábado, 5 de abril de 2008

"Artistas e modelos", de Tashlin (o "the end")

"Artistas e modelos" ("Artists and models"), início da parceria de Jerry Lewis com Frank Tashlin. Uma comédia musical sensível e delicada, que já demonstra uma modificação na carreira de Lewis que, daqui por diante, sai do comando de Norman Taurog, entre outros diretores medíocres, para aprender o sentido da gag e do espetáculo com Tashlin, um comediógrafo de mão cheia. O vídeo é o final de "Artists and models", com Lewis em companhia de Shirley MacLaine, e Dean Martin com Dorothy Malone. Quem viveu a época, dá para ficar nostálgico do período onde havia, ainda, uma certa doçura e ingenuidade. A panorâmica que mostra uma maquete de uma igrejinha com os sinos é simplesmente fabulosa.

Esta loura vale um milhão

Já cansei aqui de dizer de minha admiração por Vincente Minnelli. Desta vez vai uma obra mais desconhecida: "Esta loura vale um milhão" ("Bells are singing"), com Dean Martin e Judy Holliday. Tive que tirar um trecho de "Papai precisa casar" porque, depois, vi que era dublado em italiano.

Um pouco mais do charme discreto de Buñuel

Na sua última fase, a francesa, o mestre Buñuel realizou filmes de sutileza e requinte, a exemplo de "O charme discreto da burguesia", "O fantasma da liberdade", e "Este obscuro objeto do desejo", esta, em 1977, o canto de cisno do realizador, que viria a morrer em 1983 depois de pedir, ao médico, no seu leito de morte, um Gim Tônica.

O charme discreto da burguesia



Os trailers tinham, antigamente, personalidade, estilo. Os atuais são uniformes, iguais, tomadas rapidíssimas, desinteressantes. Coloco aqui o trailer de "O charme discreto da burguesia", de Luis Buñuel. É admirá-lo. Apenas.

Trailer de "A Aventura", de Antonioni



"L'avventura" (1959), de Michelangelo Antonioni, é filme de impacto, que inaugura uma trilogia que se constitui de "La notte" e "L'eclisse'. Filme desbravador, que inaugurou uma nova era para o cinema no crepúsculo da década de 50, assim como "A bout de souffle", de Jean-Luc Godard, e alguns anos depois, na denominação rigorosa de filme desbravador e essencial, "Otto e mezzo", de Federico Fellini. O cinema não seria mais o mesmo depois desta 'avventura' de Michelangelo Antonioni.

"Médica, bonita e solteira", de Richard Quine

Trailer de "Blow up", de Antonioni



O título que "Blow up" tomou aqui, no Brasil, nada a ver: "Depois daquele beijo". Michelangelo Antonioni, um dos precursores da 'desdramatização' e do 'domínio da anti-narrativa' no cinema, geômetra cartesiano dos sentimentos humanos, já fizera uma experiência com as cores em "Il deserto rosso", mas é em "Blow up" que elas como que se aprofundam para 'pintar' a 'Swinng London' dos anos 60. Os admiradores de Antonioni, já devidamente 'cauterizados' com seu cinema, surpreenderam-se com "Blow up", porque este autor italiano ainda conseguia assombrar pelo mistério de sua arte. David Hemmings é o fotógrafo que capta um instante num parque e pensa ter descoberto um assassinato, que remete em alusão a "Janela indiscreta" ("Rear window"), do mestre Hitchcock. Pensou-se, na época, que Antonioni somente poderia se repetir a seguir. Mas não foi o que aconteceu, pois, entre outros, deu-nos de presente (em embalagem de luxo artístico) "Zabrinsky point" e "Profissão repórter" ("The passenger", 1975), com Jack Nicholson e a 'tangueira' Maria Schneider. A linguagem cinematográfica, que foi sendo construída durante a primeira metade do século passado, atinge aqui a sua cristalização - e, na mesma época, um outro assombro: "Persona", de Ingmar Bergman.

Miklos Rozsa e "El Cid"



Aluno de compositores clássicos, Miklos Rozsa é um dos grandes partituristas de Hollywood. Genial sob todos os aspectos. Aqui a música tema de "El Cid", de Anthony Mann, uma produção de Samuel Bronston, com o indefectível Charlton Heston e a bela Sophia Loren.

O "Trolley Song" com Garland



Se há, na história do cinema (e existem muitos), um número musical que pode ser considerado uma obra-prima acabada é este de "Agora seremos felizes" ("Meet me in St Louis", 1944), de Vincente Minnelli, com a extraordinária e insubstituível Judy Garland. O "Trolley song" é algo inesquecível. Mas antes de ver, comprar um genuflexório para vê-lo ajoelhado. Minnelli renovou a linguagem do gênero musical quando de seu estabelecimento em Hollywood vindo da Broadway. Além de musicais, dividiu-se entre comédias sofisticadas e dramas ásperos, intrigantes, a exemplo de "Assim estava escrito", "Deus sabe quanto amei" (apesar do título em português, quando no original é "Some came running" ["como uma torrente"], "A cidade dos desiludidos" ("Two week in another town"), etc. Há uma comédia minnelliana que considero uma das mais perfeitas em seu gênero: "Papai precisa casar" ("The Courtship of Eddie's Father", de 1963), com Glen Ford, Stella Stevens (olha aí ela Jonga!), Dina Merryl, Shirley Jones, e Ron Howad. Mas chega de palavras. Neste blog o que vale mesmo é a imagem.

Trailer de "007 contra Goldfinger"



Jovem, ficava encantado, esta é a verdade, com os filmes de James Bond estrelados por Sean Connery. Vi, com o passar do tempo, todos nos seus lançamentos. E ficava a esperar o seguinte até que Connery foi embora substituído por Roger Moore (houve um interregno com um tal de George Lazenby). Moore causou certa decepção com a saída de Connery, mas se adequou ao personagem. Para mim, 007 acaba com Roger Moore. Aqui o trailer de "007 contra Goldfinger", um dos mais emblemáticos da série vitoriosa. Spielberg tinha um sonho: realizar um filme de James Bond. A apresentação inicial dos Indianas Jones é uma homenagem aos filmes de 007.

Doses generosas de "The nutty professor"



"O professor aloprado" ("The nutty professor"), obra-prima de Jerry Lewis e do cinema, aqui em deliciosos dez minutos para a contemplação daqueles que amam (como eu) este comediante. Creio nada mais ter a dizer. As imagens falam por si.


O grande Frank Sinatra canta enquanto imagens de Ava Gardner ("o animal mais belo do mundo") são mostradas. E canta uma canção para mim toda especial: "Days of wine and roses", composta por outro grande, Henry Mancini, e que faz parte do filme do mesmo nome que tomou, no Brasil, o título de "Vício maldito", de Blake Edwards (outro grande), com Jack Lemmon e Lee Remick. O vocábulo grande poderia ficar aqui a ser repetido 'ad infinitum'. Ajoemlhem-se!!!

Ennio Morricone: "Cinema Paradiso"



Diante do maestro Ennio Morricone a única solução é ficar de joelhos. Aqui está como regente da orquestra de Munich que toca o seu inebriante 'Cinema Paradiso'

"Assim estava escrito" (1954), de Vincente Minnelli



Magistral em todos os aspectos, um filme sobre Hollywood, drama áspero, de inexcedível 'mise-en-scene' - a partirtura de David Raskin fica nos ouvidos, "Assim estava escrito" ("The bad and the beautiful", 1953), de Vincente Minnelli, com a bela Lana Turner e Kirk Douglas, é uma obra-prima deslumbrante.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Trailer original de "Oito e meio"

Cid Charisse em "Meias de seda"

Astaire e Charisse em "A roda da fortuna", de Minnelli

"Se meu apartamento falasse", de Billy Wilder (trailer)

"Shane", de George Stevens

"O Otário"/"The patsy", de Jerry Lewis

"La passion de Jeanne D'Arc" (1928), de Dreyer

"Ordet", obra-prima de Dreyer (final)

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