Em pleno reinado da chanchada, um filme especial: Absolutamente certo (1958), comédia de costumes que marca a estréia do galã Anselmo Duarte na direção cinematográfica. Duarte mostra uma desenvoltura surpreendente no estabelecimento das situações, a contar sua simples história com arte e engenho. Um homem dotado de memória prodigiosa entra num concurso de tv para provar que sabe de cor todo o catálogo telefônico de São Paulo. Noivo de uma bela garota sua vizinha, cuja mãe é a histriônica Dercy Gonçalves, ele, de repente, fica famoso, mas pessoas mal intencionadas pretendem que ele erre para ganhar apostas milionárias. Além de Anselmo Duarte, Aurélio Teixeira, Odete Lara (a maior atriz do cinema brasileiro), Dercy, e a belíssima Maria Dilnah, que largou o cinema para se casar e ter criar filhos. Pena! . Absolutamente certo é uma crônica de costumes, um olhar gracioso sobre a vida pacada numa São Paulo que, vista hoje, tem um ar provinciano.
Duarte, para quem não sabe, quatro anos depois, em seu segundo longa, ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1962 por causa de O pagador de promessas. Que é, até hoje, o único brasileiro que ganhou a Palma de melhor filme.
Um comentário:
Foi o despertar de Anselmo Duarte.
Para além de diretor e ator, foi o seu roteirista.
Zé do Lino é um personagem incrível. Uma paródia a um programa tão em voga na época (O céu é o limite), que aqui no Rio eu assistia e acompanhava com assiduidade.
A Vera Cruz foi muito importante para o nosso cinema, num tempo em que ele conseguiu existir como indústria, e ao lado da Atlântida ajudou construír a hitória do cinema brasileiro.
Odete Lara (belíssima) e Dercy Gonçalves enriquecem o filme com suas participações.
Anselmo, sério e dedicado, mereceu seu prêmio com "O pagador de promessas", cinco anos após esta realização, uma comédia a nível do que melhor se fazia então, na Europa ou em Hollywood.
Palmas para ele. As de ouro e as de estalar nossas mãos.
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