Stanley Kubrick, antes de Dr. Fantástico (Dr. Strangelove, 1963), se não era considerado o gênio que se tornou, estava estabelecido como um cineasta muito apreciado, principalmente por O grande golpe (The killings), quando desacerta a temporalidade da geometria da ação para mostrar vários pontos de vista sobre uma mesma situação dramática (o que, de certa forma, Orson Welles já fizera em Cidadão Kane), Glória feita de sangue (Paths of glory), e, por que não? Spartacus (apesar de empregado de Kirk Douglas, Kubrick soube desenvolver seqüências assombrosamente impactuais). Mas Dr. Strangelove surgiu pouco tempo depois da crise da Baía dos Porcos, numa época de extremada guerra fria. E sua sátira é corrosiva, a estabelecer, em certas situações, um abosoluto non sense. Peter Sellers, que já tinha aparecido em Lolita (esqueci deste, que antece a Dr. Strangelove), está inexcedível, aqui, em três papéis: o presidente dos Estados Unidos, o recruta Mandrake, e o personagem que dá título ao filme, o Doutor Strangelove. Ver este é uma obrigação para qualquer cinéfilo que queira se inteirar melhor sobre a rica filmografia de Stanley Kubrick. É divertido, inteligente, e, ainda, de quebra, temos um George C. Scott em estado de inspiração divina.
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Um comentário:
Peter Sellers exibe a sua versatilidade neste excepcional filme de Kubrick, como já o tinha feito em "O rato que ruge" (The Mouse That Roared), 1959, de Jack Arnold (Inglaterra) em que fazia os papéis da Grã-Duquesa, do Primeiro-Ministro Conde Rupert e do soldado Tully Bascombe, que comanda as forças de um paiseco (tipo Luxemburgo) que resolvem invadir os EUA, apostando que ao perder vão receber uma ajuda no melhor estilo do "Plano Marshall".
O final, é melhor não revelar aqui, mas é hilariante.
Sellers foi um gênio da comédia, um gênio muito sério do riso.
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