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segunda-feira, 21 de abril de 2008

Don Quijote de Orson Welles

Sim, o título do filme é esse mesmo, a contemplar o nome do seu autor, Orson Welles. Por indicação do cineasta José Umberto, realizador baiano (seu segundo longa, Revoada, encontra-se sub judice), que me mandou o texto de Giorgio Agamben, que publico logo abaixo, retirei do You Tube estes preciosos cinco minutos de Don Quijote de Orson Welles, obra que nunca vi, mas que é considerada simplesmente genial por todos aqueles que tiveram a rara oportunidade de contemplá-la. O escrito de Agamben tem o título de Os seis minutos mais belos da história do cinema. A finalização da montagem se deu, segundo o Imdb, banco de dados completo sobre as coisas de cinema, em 1992, sete anos após o falecimento do grande artista. O que significa dizer: montagem à revelia do autor, mas segundo as suas indicações, respeitando todas as marcações anotadas pelo autor de Cidadão Kane. Como ontem foi aniverário de João Carlos Olivieri, o popular Jonga, cujo blog Pensatas se encontra entre os meus poucos favoritos (http://jongas.blogspot.com), publicitário carioca de mão cheia, por vias travessas, porque a idéia partiu de Zé Umberto, faço, aqui, deste post, um mimo natalício ao aniversariante de ontem. E vamos ao que disse Agamben sobre este monumento da arte do filme:
"Sancho Pança entra num cinema de uma cidade de província. Está procurando Dom Quixote e o encontra sentado de parte e fitando a tela. A sala está quase cheia, a galeria - que é uma espécie de poleiro - está inteiramente ocupada por meninos barulhentos. Após algumas inúteis tentativas de alcançar Dom Quixote, Sancho senta-se de má-vontade na platéia, ao lado de uma menina (Dulcinéia?), que lhe oferece um pirulito. A projeção começou, é um filme de época, na tela correm cavaleiros armados, de repente aparece uma dama em perigo. Imediatamente, Dom Quixote se ergue em pé, desembainha a sua espada, se precipita contra a tela e os seus golpes começam a lacerar o tecido. Na tela mostram-se ainda a dama e os cavaleiros, mas o rasgão negro aberto pela espada de Dom Quixote se alarga sempre mais, devora implacavelmente as imagens. Ao fim, da tela não resta quase mais nada, vê-se somente a estrutura de madeira que a sustentava. O público indignado abandona a sala, mas no poleiro os meninos não cessam de encorajar fanaticamente Dom Quixote. Só a menina na platéia o fita com reprovação.

"O que devemos fazer com as nossas imaginações? Amá-las, crer nelas a ponto de ter de destruí-las, falsificá-las (este é, talvez, o sentido do cinema de Orson Welles). Mas quando, ao fim, elas se revelam vazias, inatendidas, quando mostram o nada de que são feitas, somente então pagar o preço da sua verdade, entender que Dulcinéia - que salvamos - não pode nos amar."
Este blog, vale dizer, é muito sentimental mesmo.


3 comentários:

Jonga Olivieri disse...

Antes de mais nada, muito obrigado pelo presente.
Fui pesquisar algo sobre este filme do qual também não tinha nenhum conhecimento. Francisco Reiguera e Akim Tamiroff interpretam Don Quixote e Sancho Pança, respectivamente e tem a co-participação de Jesus Franco, diretor espanhol.
Welles mergulha na obra de Cervantes e os personagens viajam pela Espanha de 1960, destacando as corridas de touros que tanto o apaixonavam, e também tradições populares como as procissões. Segundo consta, o próprio Welles aparece em algumas cenas.

Anônimo disse...

cinema é pirulito
enrolado no palito

ex.cinéfilo

sora disse...

a trilha do pequeno trecho é uma versão de The End do grupo The Doors (a mesma que começa Apocalypse Now) cantada por Nico (ex-Velvet Underground). Não colou muito não. As imAgens são muito boas.

parabéns pelo novo blog Setaro


Ps: O que é ravissante?

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